Mí(s)tico

Línguas Antigas

Ao ter a oportunidade de aprender outras línguas, compreendi que durante o processo de tradução muito do que foi escrito originalmente pode ser perdido por inúmeras razões. Mas meu maior problema sempre envolveu questões de interpretação de texto.

O trabalho disponível por tradutores ao redor do mundo é extraordinário, mas ainda é passível de interpretação. Algumas palavras não possuem tradução em línguas diferentes, e o histórico sociocultural do tradutor em questão pode, e provavelmente vai, ter forte influência no seu trabalho. Além disso, ninguém está isento de erros.

Por isso, logo ficou claro para mim, enquanto minha curiosidade por civilizações antigas crescia, que seria preciso aprender suas línguas para não depender mais da tradução de terceiros e poder tirar minha próprias conclusões sobre temas específicos – especialmente, temas religiosos.

De qualquer maneira, nada me fascina mais do que a mera ideia de ser detentora de um conhecimento tão antigo. Quão incrível deve ser olhar para textos ou desenhos antigos na parede e saber exatamente o que está escrito ali? É como desvendar um mistério, acredito. Ou como ter acesso ao portal que pode carregar você para um outro mundo, num outro tempo.

Meu primeiro contato com a escrita cuneiforme não foi memorável. Lembro que ao ver a imagem da pequena tabuleta de argila com aquele padrão estranho rabiscado na superfície, pensei que pareciam pegadas de galinhas. Eu nem percebi que aquilo era um sistema alfabético. De fato, achei que fosse algum tipo de arte abstrata ou algo parecido.

Verdade seja dita, mesmo agora em que já estou mais familiarizada com o padrão da escrita, ainda não consigo identificar uma palavra nas tais tabuletas. É apenas quando vejo aqueles risquinhos transcritos no papel que meus olhos percebem alguma coerência.

O mesmo vale para os hieróglifos. Eu sabia que aqueles desenhos significavam alguma coisa, mas não tinha ideia que eram palavras. E, honestamente, não lembro de ter aprendido nada a respeito na época da escola. Minha única lembrança com relação ao meu primeiro contato com civilizações antigas naqueles tempos foi de uma aula específica em que me deparei com a única página do livro de história que fazia um resumo dos egípcios – e que tinha uma (quase) nota de rodapé mencionando os sumérios – em que fiquei hipnotizada, desesperada por saber mais sobre as origens da nossa civilização. E eu bem que procurei por informação, mas a internet ainda não estava disponível e a biblioteca da minha escola estava carente de livros sobre a antiguidade.

Já com as runas minha experiência foi menos ignorante. Muito provavelmente por ver certa semelhança entre elas e o nosso alfabeto. E também pelo contato ter acontecido numa fase mais tardia da minha vida, quando acesso a informação estava ao alcance de um dedo.

Enfim… Por pura curiosidade ou paixão pelo mundo antigo, resolvi aprender a escrita cuneiforme, assim como hieróglifos e o alfabeto rúnico também. Eu quero poder ler essas antigas inscrições e interpretar elas de acordo com a minha percepção de mundo. Eu quero atravessar esse portal alfabético e conhecer, da maneira mais direta possível, o povo que usava essa escrita no seu dia a dia. Eu quero ser capaz de compreender aquelas palavras que não são exatamente palavras, mas que estão carregadas de significado e histórias.

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