Mí(s)tico

Seiðr

Existe um tipo antigo de magia, conhecido entre os nórdicos, da qual pouco se sabe nos dias de hoje. Essa magia era praticada quase que exclusivamente por mulheres, que costumavam ter uma vida um tanto nômade, indo de cidade em cidade oferecendo sua sabedoria em troca de comida e um lugar para dormir. Essa magia era chamada seiðr, e as mulheres que a praticavam eram conhecidas, geralmente, como völva. A exceção masculina de que se tem conhecimento é do próprio Odin, que foi aprendiz de Freya.

Seiðr é uma combinação de ciência natural usada para causar mudanças e alcançar certos objetivos. É um ritual em que canções e encantamentos são proferidos para descobrir o que se esconde dos olhos humanos – tanto física quanto mentalmente. Era uma prática para prever o futuro e manipular a sorte dos envolvidos, para controlar o tempo, para curar doenças, para influenciar animais. Também poderia ser usado para rogar pragas em pessoas ou empreitadas, para arruinar a terra e torná-la estéril, para causar doenças, para ferir, mutilar e matar, em disputas domésticas e especialmente em batalha.

Para praticar seiðr, era necessário entrar num estado alterado de consciência e se conectar com o mundo dos espíritos. Nesse sentido, também se praticava a necromancia. Mas não da maneira que conhecemos hoje. Naqueles tempos, trazer alguém de volta do mundo dos mortos significava apenas invocar o espírito para se comunicar com ele e adquirir toda a sua sabedoria. Foi através dessa prática que Odin descobriu sobre a origem do universo, dos deuses, sobre a morte do seu filho Balder, sobre o Ragnarok e o novo começo após a destruição de tudo.

Ainda existe debate entre os arqueólogos sobre o que era ou como exatamente funcionava seiðr, mas é comum aceitar a ideia de que era um tipo de xamanismo pré-cristianismo. Ao meu conhecimento limitado do assunto, é fácil encontrar similaridades com a bruxaria moderna. Mas a verdade é que quanto mais me aprofundo no mundo antigo e nas suas mitologias e práticas espirituais, mais claro fica para mim que as lições verdadeiramente importantes acabaram se perdendo com o tempo. E, agora, cabe aos curiosos e acadêmicos praticarem um certo tipo de necromancia e trazer essa antiga sabedoria para o mundo dos vivos de novo.

(Imagem de capa: pedram ahmadi)

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