a vida como ela é

Redecorando a minha vida

Meu quarto precisava de uma cara nova – principalmente o meu closet. Depois de adiar o trabalho por uns seis meses, finalmente criei coragem de colocar a mão na massa, na tinta e no papel de parede.

Enquanto redecorava o meu espaço sagrado, percebi que a minha vida também precisava de cores novas – e que, assim como o trabalho feito no meu quarto, eu andava procrastinando aquela transformação. Mas já estava mais do que na hora de fazer uma faxina, limpar as teias de aranha e trazer mais vida para o meu dia a dia.

Havia tantas coisas que eu gostaria de ter feito, mas me privei por x razões que são absolutamente irrelevantes e sem sentido algum. Acho que, com a idade, fui ficando mais acomodada e com mais receio de tentar coisas novas. Odeio admitir, mas a verdade é que me cago de medo de começar de novo. Me sinto cansada e um tanto de saco cheio. Quantas vezes vou ter que redecorar a minha vida? Será que nunca vou estar satisfeita? Parece que não.

Então percebi, com alívio, que não preciso derrubar paredes, construir uma casa do zero – embora, às vezes, seja necessário – mas eu posso mudar uma coisa aqui e outra ali, acrescentar um abajur novo, trocar o papel de parede, comprar uma cama nova e, aos poucos, vou refazendo a minha vida.

Talvez tenha chegado naquela tão falada crise de meia–idade, porque me peguei querendo fazer coisas mais arriscadas… aprender a andar a cavalo, freediving… eu quero comprar o meu tão sonhado Jeep antigo e aprender sobre mecânica para consertar ele eu mesma, quando necessário. Por Deus, eu quero ser uma daquelas gostosonas que anda naquelas motos duas vezes o tamanho delas.

Enquanto eu pintava as paredes, usava a furadeira, a serra, martelo e outros apetrechos que fazem qualquer garotinho se sentir no céu, fui tomada por uma sensação de poder. Afinal, se eu consigo furar uma parede, também consigo segurar uma rédea; se eu sou capaz de serrar madeira, também sou capaz de pilotar uma moto. Seu eu posso respirar fundo e enfrentar as merdas que a vida joga em mim, também posso mergulhar na imensidão azul num único fôlego.

Enfim…

Algumas dessas coisas eu vou precisar de ajuda, mas algumas outras eu já posso começar agora. Já que estou solteira e não tenho filhos, devo a mim mesma aproveitar o luxo da liberdade que a minha atual situação permite. Se não fizer nada disso, vou chegar no fim dos meus dias arrependida. E eu me recuso a sair desta vida pensando “É só isso?
Eu quero chegar no fim da estrada com um sorriso no rosto, pensando “Eu fiz do jeito certo”.

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