
Garota do campo
Eu posso ver claramente… a visão é tão nítida que quase posso tocar, sentir os aromas, ouvir o som da natureza. Na minha casa de campo, sento na mesa da cozinha para tomar o café da manhã sob a luz fraca dos primeiros raios de sol. O café recém passado fumegando. Depois de inúmeras tentativas falhas, finalmente aprendi a fazer pão caseiro que agora saboreio cada pedaço com satisfação e, por que não, um tantinho de orgulho. O gosto dos ovos mexidos e do creme de ricota é divino.
Os gatos e cachorros, já alimentados, perambulam pela vastidão verde do lado de fora enquanto contemplo, pela janela, o trabalho a ser feito em seguida na horta. Assim que bebo o último gole de café, calço minhas botas, coloco o meu chapéu e saio na direção do jardim.
Logo, perco a noção do tempo mexendo na terra e já está na hora do almoço. Preparar uma refeição com legumes, temperos e vegetais que eu mesma plantei me trazem grande satisfação. Gosto da sensação de ter participado naquele ato de gerar vida – de alguma forma.
Depois do almoço, enquanto a bicharada cochila, aproveito a tarde calma e tranquila para escrever, colocar as ideias no papel, avançar com aquele manuscrito que se desenvolve num ritmo preguiçoso. Então, quando meus filhos de quatro patas começam a se espreguiçar – me lembrando de voltar para o mundo real –, preparo para nós um lanche farto que vai encher nossas barrigas enquanto assistimos filmes ou séries até a hora de ir para a cama. E se o sono não for muito, aproveito para avançar algumas páginas naquela leitura atrasada.
No dia seguinte, a imagem se repete – com algumas pequenas variações. Afinal, a casa precisa ser limpa, as roupas lavadas… e sempre vai existir os dias de chuva, que são os dias oficiais da preguiça. Além disso, os fins de semana são reservados para o doce prazer de não fazer nada – ou seja, passear, andar a cavalo, fazer arte ou qualquer outra coisa que faça o meu coração sorrir.
Quando me sinto ousada o bastante para sonhar além dos meus desejos mais loucos, me permito viver num pequeno paraíso na Terra que vou chamar de Éden – que será o meu lar e, também, um santuário animal. Quem sabe…? E se eu tirar a sorte grande, vou encontrar alguém pelo caminho para viver essa aventura comigo.


