a vida como ela é

Acredite em Você

Eu não tenho ideia quantas vezes “E se…?” passou pela minha cabeça ao longo dos anos. Por muito tempo, a grande maioria delas terminava com algo parecido com “…der merda?”. Idealizar cenários catastróficos sempre foi um péssimo hábito meu, principalmente quando penso sobre os meus sonhos e planos para o futuro. O medo de acabar me frustrando ou fazendo papel de idiota me paralisou diante de inúmeras oportunidades. E o pior foi que esse medo me fez entrar na minha “noite mais escura da alma”.

Com 24 anos eu já tinha desistido de todos os meus sonhos. Nessa idade eu já estava conformada em voltar para faculdade, me formar, arranjar um emprego convencional e seja lá o que Deus quiser, amém.

O mais triste é que eu nem sequer tentei, de verdade, ter a vida que fazia o meu coração bater mais forte. Antes de começar a levar meus sonhos a sério, eu barrei no medo de ficar sozinha. Em seguida, barrei no medo das frustrações depois de ter sido bombardeada por comentários negativos sobre o quanto se fodem as pessoas que tentam viver fora dos padrões e das expectativas da sociedade. E eu não queria passar trabalho, não queria sofrer e morria de medo de comprovar que eu não era tão boa quanto achava que poderia ser. Eu morria de medo de que transformar os meus sonhos em realidade fosse apenas uma coisa da minha cabeça, da minha imaginação sempre tão fantasiosa e fértil. Era mais fácil ficar onde eu estava, confortavelmente e seguindo a receita que estava na família há gerações, do que correr o risco de tentar e ver tudo dar errado.

Por muito tempo acreditei que o meu “E se…?” mais paralisante foi o medo de não agradar os outros. Era um medo esmagador e vinha acompanhado por um sentimento de pânico. Então, com medo de não agradar, guardei os meus sonhos só pra mim, por anos, porque eu tinha medo de ficar sozinha. Mas a verdade é que eu morria de medo da vergonha que sentiria caso os meus planos não se concretizassem. Só de imaginar a humilhação de ouvir “Eu disse que não era bem assim” de pessoas que eu valorizava em minha vida, me fazia dar meia volta e sentar no lugar de onde nunca deveria ter ousado sair.

O que nunca me ocorreu é que ficar onde eu estava, de jeito nenhum me levaria para algum lugar diferente, muito menos para onde eu queria ir. O que também não me ocorreu foi que eu não tinha nada a perder por desejar o melhor para mim. E o mais importante, nunca me ocorreu tudo poderia dar certo.

Então, alguma coisa aconteceu quando cheguei na casa dos 30… Algo mágico. Uma espécie de despertar, eu acho. E comecei a acreditar em mim. Fiquei mais corajosa, ousada e um tanto teimosa, me recusando a aceitar migalhas ou uma vida menos do que extraordinária.

Não foi uma transformação fácil e, até hoje, ainda luto contra os maus hábitos desenvolvidos ao longo de anos me comportando como um camaleão social, tentando encaixar o meu parafuso quadrado no buraco redondo da sociedade e do ambiente em que nasci e fui criada. Mas estou seguindo em frente, um dia de cada vez. E se você está passando por algo parecido, e se eu puder ajudar de qualquer maneira com as minhas palavras, eis o que tenho a dizer:

Às vezes vai ser solitário. Às vezes vai parecer loucura. Às vezes vão chamar você de louco. Às vezes vai haver dúvida. E, às vezes, vai haver medo. Mas isso não significa que vai ser difícil ou que você fez a escolha errada. Apenas significa que você está trilhando um caminho desconhecido, aprendendo a se virar sozinho e desbravando um mundo novo cheio de possibilidades.

Existem algumas regras para quem decide seguir o próprio caminho, e todas elas quem faz é você mesmo. Não são os seus pais, nem os seus amigos ou a pessoa com quem você divide a sua vida, muito menos as limitações impostas pelo ambiente onde você se encontra no momento. É tudo uma questão de sair da sua zona de conforto. Dar o primeiro passo é o mais complicado e exige uma dose maior de coragem. O resto acaba vindo naturalmente depois. Mas, durante o processo, é importante lembrar de manter a persistência em dia, quiçá uma certa teimosia.

Quando a clássica pergunta “O que eu estou fazendo com a minha vida?” aparecer, é o primeiro sinal de que alguma coisa deve ser mudada na sua rotina. Clichê, eu sei, mas verdade. Não tenha medo de se perguntar, e não tenha medo de encontrar a resposta. Afinal, quem sabe o que é melhor para si é você mesmo. Não tenha medo de mudar. Mudar faz parte do nosso processo evolutivo. E quando você estiver anos-luz à frente da vida que tem agora, permita-se ficar deslumbrado com o quão longe chegou em pouquíssimo tempo só porque você acreditou no seu sonho, no seu potencial e, principalmente, em você mesmo.

Não se preocupe… Ninguém vai desaparecer da sua vida no processo. Muito pelo contrário. Todos, é bem provável, permanecerão exatamente no mesmo lugar. É você quem vai sumir do mapa, desbravar terras distantes, partir na sua jornada do herói pessoal. Não culpe a vida quando isso acontecer. Em vez disso, trabalhe de mãos dadas com ela. Não viva a vida que os outros querem que você viva, cada um tem uma percepção diferente do que é a realidade. Não se preocupe demais com os outros, cada um é responsável pela própria vida e por suas escolhas. Não se anule pelos outros, isso não é justo com você, e também não exija o mesmo das pessoas ao seu redor porque não é justo com elas. Aceite que faz parte do processo, quando seguimos em frente, deixar algumas coisas e pessoas para trás, não importa o quão doloroso seja.

Se você decidir mudar a sua vida e seguir o seu caminho, eu te prometo que três coisas vão acontecer:

  1. vai permanecer na sua vida somente quem andar lado a lado com você

  2. você expandirá o seu círculo de amizades e, finalmente, encontrará “a sua turma” (mesmo que essa turma esteja dispersa pelo mundo)

  3. todos os seus sonhos vão se realizar, de um jeito ou de outro.

O que você vai precisar nessa jornada, por vezes assustadora, confesso, é ter fé inabalável que absolutamente tudo o que você deseja, na verdade, já lhe pertence.

Viva com esta certeza todos os dias e, eu garanto, você vai começar a perceber pequenos milagres diários. Então, um dia, você estará vivendo o seu próprio conto de fadas.

Acredite em você. Acredite nos seus sonhos. E viva de acordo com isso.

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